Este é um tema bastante comentado: Autoconhecimento e desenvolvimento humano. Ele aparece em palestras, terapias, livros, vídeos, posts, etc. Mas será que você sabe, de fato, o que é autoconhecimento?
Autoconhecimento é, na essência, o que o nome sugere: conhecer a si mesmo. No entanto, “conhecer” algo geralmente se manifesta em diferentes camadas de profundidade. Conhecer a si mesmo em um nível superficial pode ser simplesmente saber seu nome completo, data de nascimento, número de identidade, endereço ou suas preferências. Mas e em camadas mais profundas? Como seria essa compreensão?
Para explorar isso, primeiramente, é fundamental entendermos o autoconhecimento sob uma perspectiva mais técnica.
O Que é Autoconhecimento: Autoconsciência e Metacognição
O autoconhecimento pode ser definido como a capacidade de uma pessoa de desenvolver e manter uma “representação interna” de seus próprios estados, processos, capacidades, limitações e identidade. Podemos considerar o autoconhecimento como um conjunto de duas capacidades:
- Autoconsciência (Self-awareness): o estado de estar ciente de si mesmo como um indivíduo separado e de seus próprios estados internos (pensamentos, emoções, sentimentos, percepções);
- Metacognição (Metacognition): o “pensar sobre o próprio pensamento”.
Ao unir ambas, chegamos ao Modelo de Si (Self-model), que se refere a uma representação interna dinâmica que uma pessoa constrói sobre si mesma. Ou seja, é a sua imagem mental, que contém características físicas, psicológicas (como personalidade, valores, crenças e memórias), e as capacidades e limitações que a pessoa reconhece em si mesma.
Este modelo é continuamente atualizado por meio de novas experiências, feedback do ambiente e autorreflexão. Em outras palavras, o processo de autoconhecimento não tem um fim: é uma jornada contínua. Quanto mais você busca, mais profundamente acessa as camadas do seu inconsciente.
Por Que Buscar Autoconhecimento: A Inteligência Emocional e a Liberdade de Escolhas
A pergunta que surge é: por que buscar algo que não tem fim? Quais são, de fato, as vantagens de procurar o autoconhecimento? Um dos principais benefícios é evidenciado por Daniel Goleman, autor do livro “Inteligência Emocional” (Emotional Intelligence: Why It Can Matter More Than IQ, 1995). Ele popularizou a ideia da autoconsciência como o primeiro pilar da inteligência emocional, crucial para entender nossas próprias emoções, o que as causa e como elas nos afetam.
Inclusive, nós já fizemos um artigo em nosso blog que destaca a importância de desenvolver a Inteligência Emocional, e você pode acessá-lo aqui.
A busca pelo autoconhecimento não é apenas um conceito abstrato. Há uma base real na nossa própria biologia. Pesquisas em neurociência mostram que o cérebro humano possui regiões específicas, como o córtex pré-frontal medial e o córtex cingulado posterior, que são ativadas quando pensamos sobre nós mesmos.
Esses estudos, inclusive, indicam a existência de uma rede neural dedicada a esse tipo de pensamento. Isso sugere que a capacidade de refletir sobre quem somos, nossas memórias e sentimentos é uma função tão importante que o cérebro evoluiu para ter um sistema especializado nela, reforçando a ideia de que o autoconhecimento é uma parte fundamental da experiência humana (Neural correlates of integrated self and social processing).
Além disso, um artigo recente publicado em 2024 estudou o impacto do autoconhecimento, também denominado como “autoconsciência” (Emotional self-knowledge profiles and relationships with mental health indicators support value in ‘knowing thyself). Esse estudo concluiu que pessoas com alto nível de autoconhecimento demonstram maior flexibilidade cerebral, o que se traduz em uma maior variedade de respostas e adaptação.
Essa é a principal importância do autoconhecimento. Ao se conhecer em um nível mais profundo, você exercita sua mente a pensar sobre si mesma e sobre seus pensamentos, capacitando-se a entender e gerenciar suas emoções, e tornando-se livre para escolher o que realmente lhe faz bem e está alinhado com seus valores. É compreender suas motivações e o porquê de seus desejos. Sem ele, você pode permanecer preso a um único ponto de vista, a uma sequência de “verdades” que, muitas vezes, foram formadas por sua criação ou pelo ambiente em que viveu e cresceu.
Autoconhecimento e Desenvolvimento Humano: Uma Jornada de Vários Caminhos
Toda jornada começa com o primeiro passo, correto? Se você está lendo este artigo, é provável que seu primeiro passo já tenha sido dado. O autoconhecimento, e o conhecimento em geral, inicia-se com uma faísca de curiosidade. E toda curiosidade é seguida de perguntas. Basta lembrar de uma criança na fase dos “porquês”, pois é exatamente assim que começamos a nos conhecer.
Sócrates acreditava que o conhecimento já estava dentro de nós e que precisávamos de ajuda para externalizá-lo. Ele fazia isso através de perguntas, método que deu origem ao que hoje conhecemos como Maiêutica, que significa “parto das ideias”.
É a noção de que, por meio de perguntas, conseguimos “dar à luz” ao conhecimento que já reside em nós mesmos. E esse é exatamente o processo pelo qual você construirá seu autoconhecimento: através de perguntas feitas a si mesmo.
Entretanto, um ponto muito importante é aprender a descartar o autojulgamento. Quando você se questiona em busca de autoconhecimento, as respostas que emergem são sutis, como uma voz tímida no fundo da sua mente. Se você imediatamente julga a resposta que surgir, essa voz se cala. Portanto, não importa qual resposta surja, primeiro aceite-a e depois questione.
Por exemplo: você faz um questionamento mental (“O que me leva a fazer X?” ou “Qual minha motivação para ser Y?”). Sua mente lhe trará uma resposta, e às vezes pode não ser a que você esperava. Se você imediatamente pensar: “Não, não pode ser isso”, essa voz se cala.
Em vez disso, aceite a resposta que vier e então questione novamente! Como se estivesse em uma conversa com outra pessoa. “Ah, ok, então é isso. Mas de onde vem esse pensamento?” Ou algo nesse sentido. É nessa dança de perguntas e aceitação de respostas que você aprofundará seu autoconhecimento.
Esse questionamento interno é um excelente ponto de partida. Além disso, você pode buscar desenvolver seu autoconhecimento através de livros, palestras, blogs, cursos, conversas, podcasts, etc que tragam consigo reflexões. Aqui na Vertta, por exemplo, trabalhamos principalmente com a PNL e a Neuro-Semântica™ para desenvolver o autoconhecimento. Buscamos ajudar as pessoas a descobrirem seus “programas mentais” que as limitam por meio de atendimentos individuais, cursos, workshops, treinamentos e palestras.
Independentemente do caminho que você escolher para se desenvolver, é sempre necessário manter o senso crítico e entender o que de fato é aplicável a você. Lembre-se de que cada pessoa é única, e isso significa que você também é! Pode acontecer de você gostar das ideias que encontrar, mas mantenha o senso crítico para avaliar se elas estão de acordo com seus valores, pois no autoconhecimento não existe uma verdade absoluta!